Aula aberta sobre a prisão de Lula reúne historiadores, advogados e sindicalistas no People's Forum, na região central de Manhattan.
Nadia Comani, do Comitê Defend Democracy in Brazil/ NY
“Se a constituição brasileira e as leis internacionais tivessem sido respeitadas, Lula estaria livre e teria concorrido à eleição”, garantiu o advogado trabalhista e assessor sênior de estratégias globais da central sindical UFCW, Stanley Gacek, durante um dos debates da Aula Aberta "Lula Livre" no People’s Fórum, neste dia 6 de abril, em Nova York.
Para a advogada Valeska Teixeira Martins, que faz parte da equipe de defesa do ex-presidente, e descreveu o processo que levou à prisão de Luís Ignácio Lula da Silva, segundo ela, sem mérito e sem provas: “Depois de cinco anos de investigação, da quebra do sigilo bancário e fiscal, da colaboração de autoridades da Suíça e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, de ações arbitrárias, não conseguiram produzir nada”, afirmou. Ela viu de perto a campanha movida pelos principais veículos de comunicação no Brasil produzindo suspeitos e acusações sem fundamento para criar uma atmosfera de desconfiança que, aliada a abusos de autoridade, como a detenção de Lula sem motivo, produziram, na opinião pública, a suspeita de que ele deveria ter feito algo errado.
A professora de História da América Latina e Caribe da New York University, Barbara Weistein, fez um apanhado da trajetória política de Lula, a fundação do Partido dos Trabalhadores nos últimos anos da ditadura militar, e dos resultados dos governos do PT: redução da desigualdade entre as regiões da saúde, redução da pobreza, criação de empregos formais e programas sociais que tiraram milhões da pobreza. Barbara destacou que o Brasil passou por um momento de economia forte nos mandatos de Lula. Mas foi aplaudida quando destacou: “o Brasil teve outros períodos de economia forte, em crescimento, que não renderam melhorias para a vida da maioria dos brasileiros, como houve nos governos do Lula”.
O escritor, radio jornalista e ativista Mumia Abu-Jamal, preso há 37 anos nos EUA, também acusado de um crime de autoria controversa, gravou, da prisão, uma mensagem exclusiva em defesa do ex-Presidente Lula. Mumia citou o assassinato de Marielle Franco, ainda sem solução, como exemplo das injustiças contra negros e contra Lula, contra os que não são da elite no Brasil. Mumia é conhecido também como uma forte voz do movimento de liberação da população negra norte-americana. Ele passou 30 anos no corredor da morte, muitos na solitária, e ainda assim o recado gravado evidenciou a diferença entre a liberdade de se expressar que ele tem quando comparada ao silêncio imposto a Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba.
O jornalista Breno Altman, fundador do site Opera Mundi e diretor de comunicação da campanha Lula Livre, também participou da noite de debates pela internet e se referiu à criação do Comitê Lula Livre de Nova York e das manifestações públicas de apoio à campanha em mais de cinquenta cidades do mundo. Ele ressaltou que somente a pressão política, dentro e fora do Brasil, vai devolver a liberdade à Lula e defender a democracia brasileira. O encontro terminou com a transmissão de um trecho do discurso de Lula, no dia em que se entregou à polícia, há um ano, em que ele garantiu: “Eu vou de cabeça erguida e de peito estufado de lá porque vou provar a minha inocência”.